A religiosidade arcangélica
«Para Hans Werner Schroeder, os arcanjos, legado da tradição persa na Europa medieval, insuflam as forças cósmicas originais nas acções dos homens justos e rectos e protegem os povos contra o declínio das suas forças vivas. O arcanjo de vastas asas estendidas e protectoras, que encontramos nas mitologias avésticas e medievais-cristãs, indica o caminho, sinaliza, convida a segui-lo na sua marcha ou no seu voo sempre ascendente em direcção à luz das luzes: a força arcangélica e miguelina, afirma Emil Bock, induz uma dinâmica permanente, uma tensão perpétua em direcção à luz, ao sublime, à superação. Não se contenta nunca com o que já existe, com o que está conseguido, com o que foi acabado e encerrado; ela incita a mergulhar no porvir, a inovar, a avançar em todos os domínios, a forjar formas novas, a combater sem descanso por causas que devem ainda ser ganhas. No culto de São Miguel, o arcanjo não oferece nada aos homens que o seguem, nem vantagens materiais nem recompensas morais. O arcanjo não é consolador. Ele não está lá para evitar problemas e dificuldades. Ele não ama o conforto dos homens, porque ele sabe que com aqueles que estão mergulhados na opulência não podemos fazer nada de grande nem de luminoso.
A religião mais antiga dos povos europeus é pois esta religião de luz, de glória, de dinâmica e de esforço sobre si próprio. Ela nasceu no seio dos clãs europeus que tinham penetrado mais profundamente no coração do continente asiático (…)»
Robert Steuckers, “sur l’identité européenne”
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