Moeller e Dostoievski
Por Robert Steuckers
Moeller van den Bruck foi o primeiro tradutor
alemão de Dostoievski. Deixou-se influenciar profundamente pelos diários
de Dostoievski, tão repletos de severas criticas ao Ocidente. No
contexto alemão depois de 1918, Moeller van den Bruck advogava, com
argumentos de Dostoievski, por uma aliança Russo-germânica contra o
Oeste. Como poderiam os respeitáveis cavalheiros alemães, com uma imensa
cultura artística, mostrarem-se a favor de uma aliança com os
bolcheviques? Seus argumentos foram os seguintes: durante toda a
tradição diplomática do século XIX, a Rússia foi considerada o escudo da
reação contra todas as repercussões da Revolução Francesa e contra a
mentalidade e os modos revolucionários. Dostoievski, um antigo
revolucionário russo, que mais tarde admitiu que sua opção
revolucionária tinha sido um erro, considerava, mais ou menos, que a
missão da Rússia no mundo era a de apagar na Europa os rastros das
idéias de 1789. Para Moeller van den Bruck, a Revolução de Outubro de
1917 foi somente uma mudança de roupagens ideológicas: a Rússia
continuava sendo, a despeito do discurso bolchevique, o antídoto à
mentalidade liberal do Ocidente. Derrotada, a Alemanha deveria aliar-se a
esta fortaleza anti-revolucionária para opor-se ao Ocidente que, aos
olhos de Moeller van den Bruck, é a encarnação do liberalismo. O
liberalismo, expressa Moeller van den Bruck, é sempre a enfermidade
terminal dos povos. Depois de algumas décadas de liberalismo, um povo
entrará inexoravelmente em uma fase de decadência final.
Em um âmbito limitado à ND [nova direita] francesa, o redescobrimento do fator “Rússia” e sua valorização positiva desenvolveu-se em várias etapas. Ao final dos anos 70, Alain de Benoist lê uma tradução não publicada de uma obra consagrada à personalidade e a obra de um precursor e fundador da corrente revolucionária-conservadora alemã, Arthur Moeller van den Bruck. Um professor reputado havia redigido a obra: o alemão Schwierskott. Um militante desconhecido havia realizado uma tradução deste livro para o responsável da ND parisiense. Moeller van den Bruck, como se sabe, havia apostado por uma aliança Germano-soviética após Versalles para reduzir ao nada os obstáculos impostos a Alemanha por Clemenceau e Wilson. Extraía seus argumentos do “Diário de um escritor” de Dostoievski, cuja tradução alemã havia realizado. Dostoievski, ao analisar o conflito e os resultados da Guerra da Criméia, havia demonstrado a hostilidade fundamental do Ocidente, orquestrada pela Inglaterra contra a Rússia, que pretendia conter-la sobre as costas setentrionais do Mar Negro. O liberalismo, ideologia de países ricos, não era mais do que uma perigosa subversão para os países que ainda não haviam se desenvolvido, ou que haviam conhecido uma derrota histórica. Moeller van den Bruck fazia diretamente um paralelo com a Alemanha de Weimar.
Em um âmbito limitado à ND [nova direita] francesa, o redescobrimento do fator “Rússia” e sua valorização positiva desenvolveu-se em várias etapas. Ao final dos anos 70, Alain de Benoist lê uma tradução não publicada de uma obra consagrada à personalidade e a obra de um precursor e fundador da corrente revolucionária-conservadora alemã, Arthur Moeller van den Bruck. Um professor reputado havia redigido a obra: o alemão Schwierskott. Um militante desconhecido havia realizado uma tradução deste livro para o responsável da ND parisiense. Moeller van den Bruck, como se sabe, havia apostado por uma aliança Germano-soviética após Versalles para reduzir ao nada os obstáculos impostos a Alemanha por Clemenceau e Wilson. Extraía seus argumentos do “Diário de um escritor” de Dostoievski, cuja tradução alemã havia realizado. Dostoievski, ao analisar o conflito e os resultados da Guerra da Criméia, havia demonstrado a hostilidade fundamental do Ocidente, orquestrada pela Inglaterra contra a Rússia, que pretendia conter-la sobre as costas setentrionais do Mar Negro. O liberalismo, ideologia de países ricos, não era mais do que uma perigosa subversão para os países que ainda não haviam se desenvolvido, ou que haviam conhecido uma derrota histórica. Moeller van den Bruck fazia diretamente um paralelo com a Alemanha de Weimar.
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